“Com rigor técnico e respeito ao cliente, o empreendedor não erra”, diz empresário

01 de agosto de 2023
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sérgio izidoro

Para desagradar o empresário Sérgio Izidoro basta dizer que a fábrica dele é apenas mais uma indústria de calçado em meio a tantas de Birigui. Ele vai torcer o nariz e imediatamente explicar: “não somos uma marca de calçados, pois desenvolvemos projetos voltados ao reequilíbrio e à saúde do organismo”. Para o empreendedor que fundou há seis anos uma companhia que hoje faz calçados anatômicos originais e exclusivos, o fato de os produtos atuais serem chinelos, mules, sandálias, papetes, sapatilhas e sapatos é apenas uma consequência de uma oportunidade proporcionada pelo mercado.

“O nosso primeiro produto não foi um calçado e um dos próximos pode ser. Independentemente disso, todos sempre terão benefícios direcionados à qualidade de vida do cliente”, revela Izidoro. Homem convicto, de posições firmes, ele conta nesta entrevista exclusiva que uma série de fatores convergiu para a criação da empresa, todos sempre permeados pelo rigor técnico, e que nunca abriu mão de valores, como ética, inovação, respeito, responsabilidade e transparência.

Por que o incomoda dizer que a sua marca faz calçados?

Porque essa informação é incompleta e, dita assim de forma extremamente resumida, é incorreta. Dá a impressão que a gente faz o mesmo o que as outras fábricas da cidade fazem, sem demérito algum a elas, pois todas possuem as suas características, diferenciais e qualidades. O que fazemos de fato são produtos destinados à saúde das pessoas, e que têm o formato de calçado, mas que não são desenvolvidos apenas para calçar os pés, e sim para amenizar dores causadas por vários problemas nos pés, nas pernas e na coluna. Tanto é diferente que eles não são vendidos em lojas de calçados, por exemplo, mas sim em especializadas em produtos de saúde.

Essa diferenciação é tão importante assim para o senhor?

Com certeza, e muito, pois trata-se de um diferencial dos nossos produtos, que são originais e exclusivos. Todos são desenvolvidos internamente a partir de estudos e pesquisas que levam em conta aspectos técnicos rigorosos, como densidade e resistência das matérias-primas, espessura e inclinação dos componentes, entre outros critérios. Investimos em projetos que sejam eficazes, destinados à saúde das pessoas, e não posso deixar que tudo isso caia em uma vala comum, ou que haja confusão de conceitos.

Como o senhor teve a ideia de fazer este tipo de produto?

A empresa surgiu a partir da convergência de fatores. Desde 1987 eu trabalho na produção de palmilhas de EVA (Espuma Vinílica Acetinada), primeiramente fornecendo o componente para indústrias de calcados. Em meados da década de 2010, eu buscava solução para uma fase de instabilidade econômica. Ao mesmo tempo, enfrentava dores musculares pelo corpo, que começavam pelas plantas dos pés. Depois de uma série de tratamentos, massagens, informações médicas e leituras, resolvi a questão por conta própria ao desenvolver um tapete massageador, feito de EVA, com ondulações na superfície. Ele era prático e eficiente, podendo ser colocado no banheiro, por exemplo, sem a necessidade de o usuário consumir tempo exclusivamente para a sua utilização. Foi o primeiro produto da empresa, em 2015.

E qual a relação do tapete com os calçados anatômicos que a marca produz hoje?

O tapete massageador nos levou aos calçados. Utilizamos a mesma matéria-prima daquele produto, o EVA, na estrutura técnica dos nossos calçados, sendo a sola, a entressola e a palmilha feitas desse mesmo material. Esse conjunto é o mesmo em todos os nossos calçados, que acabam tendo as mesmas características em relação às funcionalidades e benefícios: antiderrapantes, flexíveis e extremamente leves, entre outras coisas. É isso que garante a eficácia deles.

O foco da sua empresa é o cliente?

Sempre foi e sempre será. Está no nosso DNA. Digo mais, entendo que o de toda empresa deve ser, pois ele, o cliente, é a razão de existir de qualquer companhia. Eu e a minha esposa passamos quatro anos visitando clientes, tanto para verificar as necessidades deles quanto para medir o grau de eficácia e de satisfação com os nossos produtos. Para mim, é uma questão de responsabilidade social que precisa ser central no negócio.

E como é a relação com os funcionários, eles compreendem essa identidade da organização?

 Creio que sim, pois fazemos questão de deixar isso claro para todos os nossos colaboradores, além de humanizar os processos e procedimentos. A nossa administração é horizontal, facilitando contato direto entre a diretoria e o colaborador. São constantes e permanentes os investimentos em proteção e segurança do colaborador. Além disso, a meritocracia aqui é regra para a valorização profissional, com oportunidades proporcionadas sem qualquer diferenciação de crença, cor, raça, orientação sexual ou gênero. Um exemplo básico é que não há diferença salarial entre homens e mulheres que executam a mesma função. Então existe uma relação de respeito e de reciprocidade entre colaboradores e empresa.

O senhor se considera um vencedor?

Sim. Sou o décimo de 11 filhos de trabalhadores rurais humildes. Com cinco anos já estava na lida na lavoura de café. Comecei na indústria calçadista como empregado, de 1981 a 1986 fiz parte de uma cooperativa de trabalhadores, e me tornei empresário em 1987. De lá pra cá, cresci, quebrei (na verdade, fui quebrado com o trabalho de terceirização que prestei), me reergui e estou onde queria estar. Preciso dizer que nunca deixo de estudar. Mesmo sobrando pouco tempo para aulas formais, todo santo dia eu leio ou assisto vídeos sobre métodos, processos e procedimentos relacionados a minha área de atuação.

Quais outras dicas pode dar a empreendedores?

Posso falar do que vivi e daquilo que acredito: estudo, trabalho, esforço, rigor técnico, foco em soluções para o cliente. Primeiramente, faça o que você gosta, sente prazer em fazer. Pesquise detalhadamente e planeje o seu negócio com o máximo de informações, e as mais precisas possíveis. Tenha foco. Outra coisa, a nossa empresa é familiar e faço questão de levar para ela os princípios e valores da minha casa. Sou rigoroso com conceitos éticos, pois eles fizeram diferença para eu vencer na vida. Não gosto de nada que é mais ou menos, feito pela metade, e sou avesso à desonestidade. Portanto, tenho certeza que o sucesso chega para quem se dedica ao trabalho, sendo honesto com os seus propósitos, princípios e valores pessoais.

O que o senhor e a sua marca almejam?

Como eu disse, somos uma empresa familiar e nunca tivemos a intenção de crescer muito nem aceleradamente. De verdade, queremos continuar sendo uma empresa bem gerida, com sustentação permanente a longo prazo. E, independentemente do tamanho, queremos ser referência em calçados anatômicos voltados para a saúde, com produtos de excelência que transformam a vida das pessoas.

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